quinta-feira, 4 de julho de 2013

Eleição para reitor e a ilusão da democratização através do voto paritário

Fora veiculado em campanha da chapa única à reitoria da Universidade Federal de Goiás, do candidato a reitor Orlando Afonso do Valle Amaral, professor do instituto de física, e do candidato a vice-reitor Manoel Rodrigues Chaves, professor do curso de Geografia de Catalão, a informação da que o modelo paritário de eleição para dirigente da instituição asseguraria que um voto docente exerceria o mesmo impacto na decisão que um voto de técnico ou estudante.

Nós da Oposição Classista, Combativa e Autônoma ao DCE-UFG vimos esclarecer que essa informação veiculada não é verdadeira e que o modelo paritário não garante a equivalência do voto de membros de setores distintos da comunidade universitária. Isso aconteceria apenas se o número de votantes de um setor fosse o mesmo que o de outros. Uma vez que o número de discentes na comunidade acadêmica é majoritário, percebemos que o modelo paritário serve como engodo e artifício para que a maioria estudantil não consiga a representação de suas intenções através dessa maioria.

O modelo paritário dá continuidade à dominação política dos professores dentro da universidade, já que o corpo discente é despojado da vantagem numérica e deve se contentar em ser consultado na mesma proporção que um grupo muito menor. Analisando o modelo paritário através da quantidade de votos dessa eleição, podemos facilmente visualizar essa intenção:
Dos 5561 votos, 1310 foram dos docentes, 1475 dos técnicos e 2776 dos estudantes. Fazendo o cálculo do voto paritário, 1 voto docente equivaleu a 1,126 voto dos técnicos; 1 voto docente equivaleu 2,119 votos de estudantes, aproximadamente. Essa discrepância não foi maior porque a abstenção estudantil foi grande.

Além dessa diferença no peso dos votos, devemos destacar que a eleição para reitor é apenas consultiva, ou seja, que se consolida apenas como um critério para que o Colégio Eleitoral defina os nomes contidos nas listas tríplices (três nomes para reitor e três pra vice) que então serão conduzidas ao MEC. Deste modo, assim como no período ditatorial, não são os estudantes e nem comunidade acadêmica quem de fato escolhe o nome do novo reitor, mas o ministério da educação, aparato do Estado burguês a serviço da educação de mercado.

Pelo voto universal nas eleições para reitor!

3 comentários:

  1. Senhores, é incoerente dizer que professores dominam politicamente a academia, e em seguida afirmar que a escolha do novo reitor é feita pelo MEC que está a serviço do Estado Burguês. A efetividade dos votos do grupo docente e a pretensa superioridade destes em relação aos alunos cai por terra quando os nomes dos candidatos são enviados ao Ministério da Educação. O alvo a ser criticado deve ser escolhido de antemão: ou os professores, ou o MEC. É dando tiros para todos os lados, que corremos o risco de não acertar ninguém.

    ResponderExcluir
  2. Caro comentador, ao se falar em em "dominação política docente" podemos entender que esta não deixa de existir com a supremacia do MEC. Sua opinião está equivocada. Não é um "OU" outro, é um "E" outro, devidamente organizada de acordo com a hierarquia. Justificamos. Pois mesmo sendo as "eleições" para Reitor mera consulta, a instância da Universidade que aprova a lista tríplice a ser enviada ao MEC é o Conselho Superior. Este Conselho Superior, como deve saber, é composto majoritariamente por professores, 70% no mínimo, como manda a LDB. O MEC, por mera cultura, na maioria da vezes elege coincidentemente a preferência de Reitorado indicada pelo Conselho Superior. Porém não há absolutamente nenhum recurso legal que o obrigue a agir assim, sendo verificável diversos casos em contrário em que a consulta à base da comunidade acadêmica,em que pese a já antidemocracia imperante, sequer foi respeitada. Ainda que o colega tenha questionado um ponto secundário e que achávamos estar subentendido do texto, vale a pena dizer: a relação de confiança política do MEC com as universidades a ponto de manter tal cultura-política da indicação resulta na capacidade de "amarração", burocrática e remunerada mesmo, desta casta docente encastelada nas estruturas de poder superior. Desta forma, mantém-se as relações de poder do MEC, exercida inclusive por outra infinidade de artifícios, exatamente através do poder docente universitário.

    ResponderExcluir
  3. Compreendo perfeitamente, companheiro, e sua réplica poderia estar explícita no texto que estamos debatendo, pois a partir dele tirei minhas conclusões. Veja o que diz:"Deste modo, assim como no período ditatorial, não são os estudantes e nem a comunidade acadêmica quem de fato escolhem o nome do novo reitor, mas o ministério da educação, aparato do Estado burguês a serviço da educação de mercado". Esse trecho ficou ambíguo, pois acredito que os docentes também estão incluídos na comunidade acadêmica. Compreendi suas teses. Quero estar junto com vocês nessa luta.

    ResponderExcluir